Eugenia Melo e Castro

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Spread

O Brasil tem duas moedas. Uma a nossa, que vale algo perto de zero vírgula qualquer coisa por cento ao mês. A outra, é a dos bancos, que dependendo das circunstâncias, custa até quinze vezes mais, ou mais. A desculpa alegada pela diferença, ou o “spread” é o risco da inadimplência. Mas, os lucros que acusam é um escárnio para quem aqui em baixo, ralando, tenta produzir. Aqui, banco não banca, agiota. E ainda ficam discorrendo a propósito da péssima distribuição de renda vigente no país. Como se a culpa não fosse deles, que além cacifados pelos juros escorchantes e tarifas imorais tomaram as devidas providências para proteger seu rico dinheirinho criando o mais invasivo, agressivo e desrespeitoso sistema de cobrança que se tem notícia no mundo. Invadem a privacidade do cidadão, pelo telefone, qualquer dia e hora. Além de distribuir a intimidade do devedor aos colegas por meio dos serviços de proteção ao crédito, transformando qualquer transação mercantil numa atividade tão arriscada como gastar além do limite do cheque especial, ou comprar a prazo com o cartão de crédito. Enquanto a violência e impostos aumentam, aqueles caras de Brasília fazem de conta que não é com eles. O que serve de desculpa para que continuem a não fazer nada. A não ser cuidar muito bem da própria distribuição da renda. A do cidadão, cuja única via é através de salários mais dignos e empregos criados com o dinheiro dos bancos, se canalizado para a produção, deixa para lá. O problema social passa a ser o bode expiatório. Não é com eles. Culpa da história. Como se não estivessem ganhando para escrevê-la. Se você deve para o governo passa a ter seu nome na divida ativa. Quando o governo é devedor a divida silenciosamente passa a ser inativa. Pagar precatórios, nem pensar. Os Estados Unidos, assolados pela crise e para estimular o consumo, na tentativa de que o país keep walking, baixaram os juros para 0,25 ao ano. Vale repetir, ao ano. Enquanto aqui, os viadutos continuam a ser a única opção imobiliária para a turma do social. Mas, nem tudo esta perdido. Sem levar em conta que viadutos podem cair, a cachaça foi tombada. Agora é patrimônio nacional. Mesmo com as águas a rolar, a cachaça é nossa! Fico pensando na preocupação que isso deve causar aos escoceses. Feliz 2009...Cruzes!
Solano Ribeiro

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