Eugenia Melo e Castro

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A mancha na parede

Na semilua
entre ruídos eletrônicos
e gemidos de dor
a espera é a única
companheira

Na rua temida
cravam punhais
trocam tiros
na caça de parca
ou improvável
recompensa

Uma vida é tirada
sem a contra partida
de perdão ou castigo

Centenas de corpos

nus
efileirados

admitem sua culpa
e revidam pelo respeito

Bandeiras hasteadas a esmo
representam sentidos
representam motivos
Nada além de revolta
sem facções ou ideologia

A mancha na parede
com o passar dos dias
deixará de ser percebida
Logo outra aparecerá
e será notada por algum tempo,
até se perder no cotidiano.

Solano Ribeiro

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