Eugenia Melo e Castro

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cozette

Estrela do Palladium,
era a gostosa da foto.
Qualquer coisa,
uma coisinha
uma Cozette qualquer...
A luz do primeiro ato.

Na linha de frente das pernas,
sublimes coxas, vibrantes,
balançavam o coração de tantos...
e quantos...
da primeira a última fila
pagavam o show barato.

Nada mais acontecia
quando Cozette dançava.
A Cozette que sorria
Cozette, a que brilhava.
E a galera ululava
enquanto Cozette dançava...

No bastidor zoneado,
sozinho, apaixonado,
o garçom curtia o prêmio
que toda noite esperava:
Numa fresta do camarim
a visão do entreato,
com cheiro de pó de arroz
e a bundinha empinada
Cozette ensaiava no espelho
o sorriso retocado.

...e voltava ainda suada
buscando a luz que rasgava
a nuvem de fumo num facho.
E enquanto o maestro enfezado
regia cadeiras arrastadas,
o bêbado gritava:
- Dança Cozette gostosa
você vale uma briga em casa.

Entravam todas juntas
todas iguais, enganadas,
pois ninguém mais aparecia
quando Cozette dançava.
Só Cozette, a que sorria
Cozette que a todos amava.

E a galera ululava,
enquanto Cozette dançava...

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