Eugenia Melo e Castro

domingo, 6 de abril de 2008

Motoqueiros: A Solução é simples

Motoqueiros... a solução é simples

Como a tolerância a uma infração aliada a interesses comerciais se transformou em problema social.

Quando da elaboração do atual Código Brasileiro de Trânsito, o artigo 56 do texto original proibia a passagem de motos entre os veículos em circulação. Como no mundo inteiro. A indústria da moto e seus revendedores, que não poderiam ficar à mercê de um simples artigo a atrapalhar o seu negócio de bilhões, através de lobies, e com provável “pedágio”, conseguiu cortar do texto final a obrigatoriedade da moto ocupar seu antigo espaço. Passou a ser permitido que trafegasse pelo corredor entre os carros. Foi o sinal verde para que o inferno se instalasse nas ruas das grandes cidades brasileiras. A partir de então, a frota cresceu de tal maneira que verdadeiro enxame de motoqueiros tomou conta das ruas sendo a maior responsável pela deterioração da qualidade do ar, pois poluem 32 vezes mais que os carros emitindo 13,8% do monóxido de carbono. Além da poluição sonora causada pelas irritantes buzinas. As estatísticas estão aí. Em artigo do Estadão, segundo dados da CET, o número de motociclistas mortos, só na cidade de São Paulo, em 2006 foi de 380, onde não são computados os que morrem nos hospitais, nem pedestres atropelados por motocicletas. Sem contar as centenas de casos que passam despercebidos, sendo notados apenas por aqueles que testemunham de perto a atividade do resgate a atrapalhar o seu caminho ou, pelo rádio, nas informações sobre o trânsito da cidade. São números inadmissíveis para um país civilizado. É nas ruas, no trânsito, que o cidadão mantém o seu contato mais íntimo com a organização da sua comunidade, com a eficiência do seu governo. Quantas vezes não ouvimos amigos citarem, cheios de admiração como exemplo de ordem e progresso, o rigor das leis de trânsito nos países por onde passaram. Mesmo tendo sido eles próprios admoestados ou até punidos, por alguma infração corriqueira cometida. O Código de Trânsito, no primeiro momento obteve o apoio da maioria da população, mas com o tempo foi desmoralizado pela falta da capacidade de administra-lo, ou como tudo neste país, foi deixado de ser levado a sério. Da mesma maneira que para disciplinar o uso dos espaços na propaganda ao ar livre com “tolerância zero” é preciso acabar com a guerra que se instalou nas grandes cidades simplesmente com a revisão do Código de trânsito fazendo voltar o artigo 56 que iria colocar motos e motoqueiros nos seus devidos lugares.

Solano Ribeiro
2008

Um comentário:

roberto zullino disse...

Solano,
A indústria de motocicletas teve um papel menor nessa canetada, quem influenciou decisavamente foram os Bancos.